domingo, 2 de fevereiro de 2014

Roteiro para 3 dias em Londres

Londres, como já frisei aqui em posts anteriores, é a minha cidade de eleição.
Para quem gosta de tempo nublado, muita cultura, ambiente metropolitano misturado com natureza, esta é a cidade ideal.
Para ajudar uma amiga que vai pela primeira vez a este pequeno paraíso urbano, vou deixar aqui uma lista de locais que não pode deixar de visitar.
Terá apenas 3 dias , mas com muita vontade e empenho, conseguirá "um cheirinho" de cada um deles. 

Mapas
Vou tentar indicar por uma ordem de localização, ou seja, por locais junto uns dos outros.
Aconselho a sinalizar num mapa e verão como é simples, apenas para terem uma ideia.
Existem imensos mapas espalhados pela cidade, muito úteis e fáceis de interpretar que vos dizem onde estão e quais os monumentos de interesse mais próximos e ate indicam a quanto tempo a pé se encontram desses mesmos locais.

Metro
Londres tem um sistema excelente de metro, logo todas as "grandes atracções" estão situadas muito perto de estações, algumas delas, com o nome da própria atracão.


Locais a visitar:
Big Ben - para mim o local mais emblemático de Londres.
London Eye - aqui conseguimos ter uma vista maravilhosa sobre a cidade. (das poucas atrações onde é cobrada entrada)
Palacio de Buckingham
St. james Park - fica em frente ao palácio.
Trafalgar Square - é muito fácil encontrar esta rua estando pela zona do palácio.
National Gallery - no topo da Trafalgar Square. É umas das galerias de arte mais famosa do mundo. Vão encontrar obras de artistas famosos. É gigante e é gratuito!

Passagem pela zona de Nothing Hill - ideal para visitar uma zona in, ver as  casas e bairros bonitos e chiques.
Madame Tussauds - é muito divertido, vale a pena visitar.  (das poucas atrações onde é cobrada entrada)
Sherlock Holmes - fica numa rua perpendicular a rua do Madame Tussaunds, na mítica Baker Streat. (das poucas atrações onde é cobrada entrada)

Hyde Park - Londres tem parques magníficos mas este é majestoso. Fica numa parte linda da cidade. 
Museu de Historia Natural - fica na zona de um dos lados do Hyde Park. É um edifício lindo que ocupa um quarteirão inteiro. E tem entrada gratuita! 
Museu da Ciência - fica ao lado do Museu de Historia Natural e também e gratuito!


London Bridge - é uma das vistas míticas de Londres. 
Tate Modern - muito próxima da London Bridge. É  uma galeria de arte moderna. É gratuito.


Picadily Circus - esta zona marcante da imagem e Londres pode ser um excelente escape para visitar a noite. 
Tem muitos lugares para comer, lojas  e pubs e bares. Aconselho visita a loja da disney:)

Com o tempo disponivel, a meu ver, são locais a não perder.
Contudo, Londres tem muito mais para oferecer:)
Divirtam-se e... mandem fotos depois!


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Pensamento :)


Actor principal (e único)

Altivo. Egoísta. Orgulhoso.
Emílio Vicente era assim.
Filho único de um casal da classe alta. Regido por uma autoridade exímia passada por um pai militar e por uma mãe devoluta das aparências socias, desenvolveu - quase que obviamente - características que o distinguiam de todos os outros.
Sempre lhe exigiram que fosse o melhor – “era um Vicente!” – tinha de zelar pelo seu ego especial, alimentado por uma luxúria e vaidade paternal.
Tornou-se no melhor dos melhores.
Nos estudos, aluno exemplar, de notas irrepreensíveis! 
No desporto, campeão várias vezes de ténis (era impensável a prática de um desporto coletivo que não realçasse as suas capacidades individuais de jogador.
Profissionalmente, era um gestor /ditador. De pouco relacionamento social com os seus colaboradores, media tudo a regra e esquadro, somas e subtrações, divisões e multiplicações.
Nada mais interessava.
Chegou longe. Ganhou milhões.
Era meticuloso. Perfeccionista. Lunático (quase) com os pormenores.
Gostava de ser o actor principal em tudo. Sempre o melhor. A vedeta, a estrela. Contudo, no encalce  deste patamar maltratou, pisou, desrespeitou.
Um dia, aos 55 anos, percebeu, num pequeno rasgo de lucidez emocional que era um homem só. Apercebeu-se da solidão que o rodeava. Já não tinha ninguém com quem competir, ninguém a quem se mostrar, ninguém para o venerar.
Os pais já haviam morrido e todos os outros se tinham fartado dele. Estava mais velho, já ninguém lhe ligada.
Encontrou apenas um caminho: o suicídio.
Um qualquer desesperado teria agarrado na primeira arma e teria acabado com a própria vida.
Emílio não. “Sentou-se na secretária, levou  as mãos aos lábios, meditou, e reescreveu a morte”, até atingir a perfeição.
Quis fazer um guião da cena final da sua vida, carregada de drama, emoção e singularidade.
Quis que todos soubessem que ate na morte se distinguiu.
Morreria, mas sempre como um actor principal.

Pena que esta peça tenha decorrido sem público algum na plateia.

Agirofobia


Vivo presa. Vivo sufocada. Vivo desesperada.
Só decimo segundo andar me dá a segurança que eu preciso. Assim que entro em casa e a fechadura se tranca, respiro, e o sossego encontra-me. Aqui sim, bem do alto consigo evitá-los.
Aqui não me tocam, não me vêm. Estou fora do seu alcance.
É a hora do dia na qual relaxo e supero o meu medo.
Nos meus 35 de anos de vida, nunca este sentimento fora tão forte. Angustiante.
Começo a sentir que estou no meu limite!
“Andreia tens de ser forte! Aguenta-te!” – digo a mim mesma todos os dias.
Mas não é fácil.
Basta adormecer. E eles lá voltam. Nos meus sonhos, todos os dias, encarnam as mais sombrias personagens. Seja noite, seja dia. Esteja só ou acompanhada. Eles aparecem sem avisar e possuem-me!
É insuportável viver assim!
Viver no centro do mundo, na cidade que nunca dorme, na terra da oportunidade, nada me diz. Esta cidade esta empestada deles e é quase impossível fugir-lhes. Quando saio para o emprego, quando vou ao ginásio, na ida às compras, nunca evito um encontro com um deles. Estão em todo o lado.
Este medo esta a sufocar-me, está a enlouquecer-me. Não sei o que faça.
Será que me devo mudar? Ignora-los é impossível. Destrui-los impensável.
Fugir também não é a melhor solução. Quero conseguir vencer esta batalha.
A cruel verdade é que esta cidade sucumbe-me, endoidece-me.
Estes estão em todo o lado.
Espreitam por entre os arranha-céus. Engolem os carros, abraçam as lojas. Controlam os pedantes.
As ruas paralelas, as ruas perpendiculares, os viadutos, tudo se cruza!
Tudo se liga! Tudo se mistura,
Cruzamentos! É impossível fugir-lhes!
Eles estão em todo o lado!
Agirofobia. 
Quem tem, não deve, nunca, viver em Nova York.


“Quem são? Onde estou? Que faço aqui? “

Ahhhhhhhhhhh!!! – foi com um grito que João acordou.
Era como se estivesse a cair, abruptamente, num poço sem fundo. Uma sensação de falta de ar, de impotência, de vazio.
Ainda de olhos cerrados, sentiu-se observado.
À sua volta estavam três vultos. Três pessoas. Três indivíduos, totalmente desconhecidos.
“Quem são? Onde estou? Que faço aqui? “
Permanecia deitado no chão e era observado por Maria. Uma simpática senhora, de 35 anos que se cruzava todos os dias com o João, no metro. Sempre com um ar tristonho, um dia ouviu-a comentar com uma amiga como seria mais feliz se o seu marido fosse mais romântico. 

“Que pena, espero que encontre um verdadeiro príncipe encantado”- pensou João ao escutá-la.
Junto a Maria, estava Xavier, o coxo. Um jovem vizinho do João que, depois de um acidente de moto, quando vinha do trabalho, ficou com alguma dificuldade na perna direita. Mesmo assim, ajudava sempre a idosa do quarto andar.
“Coisas destas só acontecem a boas pessoas. Merecia um milagre” – pensava muitas vezes  João.
Mesmo à sua frente apresentava-se a Julieta, a nerd lá do escritório. Uma inteligente mas acanhada miúda do departamento de marketing. A combinação dos seus óculos e massa com o teclado do computador, faziam dela a ave rara do escritório. Só reparavam nela para chacota.
“Só um cego é que não vê que ela é mesmo gira. Pena não verem aquilo que consigo ver”, suspirava (muitas vezes) o João.
Hoje a Maria é feliz, encontrou um grande amor.
O Xavier voltou a caminhar normalmente, até joga futebol.
A Julieta mostrou seu talento. É diretora criativa (e passou a usar lentes de contacto e cabelo solto).
Os desejos do João tornaram-se realidade. Foi uma dádiva que lhe fora concedida em tempos, sem que ele soubesse disso.
Sem saber como, também, estes abençoados souberam disso e juntaram-se para homenageá-lo.
Contudo a vida pregou-lhe uma partida, mesmo sendo o João um anjo da boa vontade.
Convivia diariamente com o Pedro. Competia com ele todos os dias pelo jornal, no café central. Sentia essa competição, havia dias em que as notícias até pouco importavam, mas ele queria ler primeiro. Achava que o Pedro lhe ocupava o jornal de propósito, como provocarão.
“Estou farto de esperar pelo jornal. Este chato podia esquecer-se do caminho para este café” – pensou o Pedro.
E assim, o João se esqueceu.
Esqueceu tudo. Esqueceu quem é.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O meu lápis, o meu eu

Estou sempre a ouvir: és obsessiva.
Sou obrigada a concordar (em parte) com este reparo à minha personalidade, tal é a minha fixação por um objecto, em particular.
O lápis.
Sozinho tem o poder de representar uma carga substancial do meu ser.
Não pela fisionomia esguia e pontiaguda que tem (em nada se assemelha com a minha silhueta) mas sim pela representação real do lado possessivo da minha personalidade.
Estes pauzinhos ilustrados compõem uma colecção única e valiosa para mim. Tenho-os como um baú de riquezas que vou enchendo, com o passar dos anos.
São o reflexo de uma vida, de muitas experiências: o presente perfeito, o único souvenir que trago, seja de onde for – cidades, museus, cafés, livrarias (sempre que me foi possível, trouxe um comigo).
Um grupo muito específico habita a terceira prateleira do meu armário da sala. Estão devidamente acomodados em duas canecas brancas. Gosto de os ter sempre presentes: para admirá-los. Volta e meia retiro-os e limpo-lhes o pó: para mantê-los.
Tara? Mania? Deleite, talvez. Chamem-lhe o que quiserem.
Duas particularidades dentro deste mote: não escrevo a lápis e não gosto dos seus primos, os de minas (achei importante partilhar).
Como companheiros indiscutíveis, têm um lugar especial também na minha secretária de trabalho.
Um pequeno boião de vidro (antes ocupado por iogurte de morango com bolacha) alberga um conjunto de lápis oriundos pelas mais diversas causas: ofertas de colegas (que já conhecem o gosto), pequenas compras que faço, achados, merchandisinhg, entre outros devaneios.
Estão à direita do ecrã do meu computador, separados das canetas, dos marcadores, dos agrafes e dos post-its. Estes não são para usar!
Esta (quase) perturbação persegue-me desde a minha infância. O êxtase ao entrar numa papelaria ou supermercado, em tempos de material escolar, só era sucumbido pelo: Só podes levar um. Frase certa da minha mãe que me atirava para o mais amargo dos dilemas, apenas nuns segundos.
Não empresto. Não tolero que lhes mexam. Não gosto que os mudem de sítio (se mudarem eu saberei). Não os afio nunca.
Tenho uma costela de invejosa? Pode dizer-se que sim, no que se refere aos meus lápis. Mas são meus e pronto! É algo que não controlo.
É assim que sou: a Matilde que gosta de lápis.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Aconteceu a caminho de casa...

Fim de tarde. Mais um dia de trabalho concluído. Uma mancha cinzenta montava-se no céu: analogia mais que perfeita com o meu estado de alma.
O frio cortava. Caminhei para casa, com semblante cansado mas, inesperadamente, pensativa.
Senti uma sensação de inquietação. Estranhei. Mas continuei.
Subitamente, o meu ouvido captou uma melodia que me fez estancar, tal era a familiaridade. Emanava de umas colunas de uma loja do centro. Há anos que não a ouvia. Regredi uma década: tempos doces de partilha e de inocência. Época de sonhos, de planos, de aventura – viagens, experiências, conquistas.
Sorri como há muito não sorria.
Segui caminho.
Atravessava a congestionada rua principal – composta por inúmeros vultos - quando embati, inevitavelmente, com outro espírito desatento como eu. Um segundo pareceu uma eternidade. Forte aroma brotou daquele contacto repentino. Fresco e revitalizante.
Perfume marcante de uma personalidade: o teu perfume. Estanquei por uns minutos e toda uma nostalgia a dois cresceu em mim. E voltei a sorrir.
Um súbito desejo de gula surgiu e ganhou vida própria. Uma Bola de Berlim. Parei na pastelaria mais próxima e pedi.
No momento em que tirava a nota para pagar, percebi que tinha pedido aquela guloseima. Aquela que partilhávamos juntos nos nossos passeios dominicais de final de tarde, pela qual éramos capazes de sair de casa em dias de chuva e que saboreávamos como um troféu, um deleite.
Estava tudo muito estranho. Parecia que a caminho de casa, o universo me queria lembrar de ti, de mim, de nós.
Não creio em fontes cósmicas, mas (se existem) apontavam para ti.
O meu racionalismo foi mais forte e segui (tolice).
No cruzar de ruas, já quase em casa, um grande mural publicitário possuiu-me. Tinha o teu nome escrito - roubado pelo actor da moda - destacado pela cor, pelas luzes fortes, pelo tamanho. Senti que me gritava: vai para casa!
Aí acreditei. Algo me levava para ti.
Corri escadas acima com todas as minhas forças. Queria abraçar-te. Queria dizer-te que nada justifica a nossa distância. Queria mostrar-te como o universo me mostrou que os momentos bons ultrapassam os maus! Queria viver de novo!
Entrei e não estava ninguém. O silêncio foi interrompido pelo telefone que tocava, incessantemente.
Uma voz do outro lado sussurrou-me a notícia. Um choque frontal tinha-me impedido para sempre de te dizer o quanto te queria.
Nesse dia, nessa hora, nesse momento, morri contigo.