segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O meu lápis, o meu eu

Estou sempre a ouvir: és obsessiva.
Sou obrigada a concordar (em parte) com este reparo à minha personalidade, tal é a minha fixação por um objecto, em particular.
O lápis.
Sozinho tem o poder de representar uma carga substancial do meu ser.
Não pela fisionomia esguia e pontiaguda que tem (em nada se assemelha com a minha silhueta) mas sim pela representação real do lado possessivo da minha personalidade.
Estes pauzinhos ilustrados compõem uma colecção única e valiosa para mim. Tenho-os como um baú de riquezas que vou enchendo, com o passar dos anos.
São o reflexo de uma vida, de muitas experiências: o presente perfeito, o único souvenir que trago, seja de onde for – cidades, museus, cafés, livrarias (sempre que me foi possível, trouxe um comigo).
Um grupo muito específico habita a terceira prateleira do meu armário da sala. Estão devidamente acomodados em duas canecas brancas. Gosto de os ter sempre presentes: para admirá-los. Volta e meia retiro-os e limpo-lhes o pó: para mantê-los.
Tara? Mania? Deleite, talvez. Chamem-lhe o que quiserem.
Duas particularidades dentro deste mote: não escrevo a lápis e não gosto dos seus primos, os de minas (achei importante partilhar).
Como companheiros indiscutíveis, têm um lugar especial também na minha secretária de trabalho.
Um pequeno boião de vidro (antes ocupado por iogurte de morango com bolacha) alberga um conjunto de lápis oriundos pelas mais diversas causas: ofertas de colegas (que já conhecem o gosto), pequenas compras que faço, achados, merchandisinhg, entre outros devaneios.
Estão à direita do ecrã do meu computador, separados das canetas, dos marcadores, dos agrafes e dos post-its. Estes não são para usar!
Esta (quase) perturbação persegue-me desde a minha infância. O êxtase ao entrar numa papelaria ou supermercado, em tempos de material escolar, só era sucumbido pelo: Só podes levar um. Frase certa da minha mãe que me atirava para o mais amargo dos dilemas, apenas nuns segundos.
Não empresto. Não tolero que lhes mexam. Não gosto que os mudem de sítio (se mudarem eu saberei). Não os afio nunca.
Tenho uma costela de invejosa? Pode dizer-se que sim, no que se refere aos meus lápis. Mas são meus e pronto! É algo que não controlo.
É assim que sou: a Matilde que gosta de lápis.

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